domingo, 28 de fevereiro de 2010

NA HORA DA CRISE



NA HORA DA CRISE

Na hora da crise, emudece os lábios e ouve as vozes que falam, inarticuladas, no imo de ti mesmo.
Perceberás, distintamente, o conflito.
É o passado que teima em ficar e o
presente que anseia pelo futuro.
É o cárcere e a libertação.
A sombra e a luz.
A dívida e a esperança.
É o que foi e o que deve ser.
Na essência, é o mundo e o Cristo no coração.
Grita o mundo pelo verbo dos amigos e dos adversários,
na Terra e além da Terra.
Adverte o Cristo, através da responsabilidade que
nos vibra na consciência.
Diz o mundo: «acomoda-te como puderes.
Pede o Cristo: «levanta-te e anda».
Diz o mundo: «faze o que desejas».
Pede o Cristo: «não peques mais».
Diz o mundo: «destrói os opositores».
Pede o Cristo: «ama os teus inimigos».
Diz o mundo: «renega os que te incomodem».
Pede o Cristo: «ao que te exija mil passos,
caminha com ele dois mil».
Diz o mundo: «apega-te à posse».
Pede o Cristo: “ao que te rogue a túnica
cede também a capa”.
Diz o mundo: «fere a quem te fere».
Pede o Cristo: «perdoa sempre».
Diz o mundo: «descansa e goza».
Pede o Cristo: «avança enquanto tens luz».
Diz o mundo: «censura como quiseres».
Pede o Cristo: «não condenes».
Diz o mundo: «não repares os meios para alcançar os fins».
Diz o Cristo: «serás medido pela medida que
aplicares aos outros».
Diz o mundo: «aborrece os que te aborreçam».
Pede o Cristo: «ora pelos que te perseguem e caluniam».
Diz o mundo: «acumula ouro e poder para que
te faças temido».
Diz o Cristo: «provavelmente nesta noite pedirão
tua alma e o que amontoaste para quem será?»
Obsessão é também problema de sintonia.
O ouvido que escuta reflete a boca que fala.
O olho que algo vê assemelha-se, de algum modo,
à coisa vista.
Não precisas, assim, sofrer longas hesitações
nas horas de tempestade.
Se realmente procuras caminho justo,
ouçamos o Cristo, e a palavra dele, por bússola infalível, traçar-nos-á rumo certo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A MULHER PERFEITA





A MULHER PERFEITA

Nasrudin conversava com um amigo, que lhe perguntou:

- Então, mullah, nunca pensaste em casamento?

- Já pensei. Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, cheguei a Damasco, e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem, e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era uma moça bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.

- E por que não casaste com ela?

- Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.

A MARIPOSA E A ESTRELA





A MARIPOSA E A ESTRELA

Conta a lenda que uma jovem mariposa de corpo frágil e alma sensível voava ao sabor do vento certa tarde, quando viu uma estrela muito brilhante e se apaixonou.
Voltou imediatamente para casa, louca para contar à mãe que havia descoberto o que era o amor, mas a mãe lhe disse friamente:
- Que bobagem, filha! As estrelas não foram feitas para que as mariposas possam voar em torno delas. Procure um poste ou um abajur e se apaixone por algo assim. Foi para isso nós fomos criadas.
Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o comentário da mãe e permitiu-se ficar de novo alegre com a sua descoberta e pensava:
- Que maravilha poder sonhar!
Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar, e ela decidiu que iria subir até o céu, voar em torno daquela luz radiante e demonstrar seu amor. Foi muito difícil ir além da altura com a qual estava acostumada, mas conseguiu subir alguns metros acima do seu vôo normal. Entendeu que, se cada dia progredisse um pouquinho, iria terminar chegando à estrela, então armou-se de paciência e começou a tentar vencer a distância que a separava de seu sonho.
Esperava com ansiedade que a noite descesse e, quando via os primeiros raios da estrela, batia ansiosamente suas asas em direção ao firme propósito.
Sua mãe ficava cada vez mais furiosa e dizia:
- Estou muito decepcionada com a minha filha. Todas as suas irmãs e primas já têm lindas queimaduras nas asas, provocadas por lâmpadas! Você devia deixar de lado esses sonhos inúteis e arranjar um que possa atingir.
A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que sentia, resolveu sair de casa. Mas, no fundo, como aliás sempre acontece, ficou marcada pelas palavras da mãe e achou que ela tinha razão.
Por algum tempo, tentou esquecer a estrela, mas seu coração não conseguia esquecê-la e, depois de ver que a vida sem o seu verdadeiro sonho não tinha sentido, resolveu retomar sua caminhada em direção ao céu.
Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a alma mergulhada na tristeza.
Entretanto, à medida que iá ficando mais velha, passou a prestar atenção a tudo que via à sua volta.
Lá do alto podia enxergar as belas cidades cheias de luzes. Vendo as montanhas, os oceanos e as nuvens que mudavam de forma a cada minuto, a mariposa começou a amar cada vez mais sua estrela, porque era ela quem a empurrava para ver um mundo tão rico e tão lindo.
Muito tempo depois resolveu voltar à sua casa para compartilhar as belezas que tinha visto e descoberto, e aí soube pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs e primas tinham morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas, destruídas por aquilo que as limitavam.
A mariposa viveu muitos anos ainda, e descobriu que o verdadeiro sonho, aquele que vem do coração e do amor de sua essência traz muito mais alegrias, benefícios e aprendizado que aqueles “sonhos” motivados mais pela insegurança e pelo medo.

A LOJA DE CACHORRINHOS





A LOJA DE CACHORRINHOS

O dono de uma loja colocou um anúncio na porta:

"Cachorrinhos `a venda".

Esse tipo de anúncio sempre atrai as criancas e logo um menininho apareceu na loja perguntando:

- Qual o preço dos cachorrinhos?

O dono respondeu:

- Entre R$ 30,00 e R$ 50,00.

O menininho colocou a mão em seu bolso e tirou umas moedas:

- Só tenho R$2,37.

- Posso vê-los?. O homem sorriu e assobiou.

De trás da loja saiu sua cachorra, correndo, seguida por cinco cachorrinhos.

Um dos cachorrinhos estava ficando consideravelmente para trás.

O menininho, imediatamente, apontou para o cachorrinho que estava mancando.

- O que aconteceu com esse cachorrinho???

O homem explicou que quando o cachorrinho nasceu
o veterinário falou que ele tinha uma perna defeituosa e que andaria mancando pelo resto de sua vida.

O menininho emocionou-se e exclamou:

- Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!.

E o homem respondeu:

- Não, você não vai comprar esse cachorro. Se você realmente o quer, eu vou dá-lo de presente.

Mas o menininho não gostou

Olhando direto nos olhos do homem falou:

-Eu não quero que você me dê de presente. Ele vale tanto quanto os outros cachorrinhos e eu pagarei o preço. Agora vou lhe pagar meus R$ 2,37 e a cada
mês darei R$ 0,50 até que tenha pago por completo.

O homem respondeu:

- Você não quer de verdade comprar esse cachorrinho filho.

Ele nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros cachorrinhos.

O menininho agachou-se e levantou a perna de sua
calça para mostrar a perna esquerda, cruelmente
retorcida e inutilizada, suportada por um grande aparato de metal.

Olhou de novo para o homem e disse:

- Bom, eu também não posso correr muito bem, e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda.

O homem estava agora envergonhado e seus olhos encheram-se de lágrimas....

Sorriu e disse:

- Filho só espero que cada um destes cachorrinhos tenha um dono como você.


Na vida não importa como somos.
O que vale é que alguém nos aprecie
e nos aceite como somos.

Amando-nos incondicionalmente.

Um verdadeiro amigo é aquele que chega quando o resto do mundo já se foi.

A LENDA DO MONGE E DO ESCORPIÃO





A LENDA DO MONGE E DO ESCORPIÃO

Um Monge e seus discípulos iam por uma estrada.
Quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas.
O Monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão.
Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio.
Foi então à margem do rio, tomou um ramo de árvore, correu adiantando-se à correnteza, entrou, recolheu o escorpião e o salvou.
Ao voltar, o Monge juntou-se aos discípulos na estrada.
Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e sem entender nada.

Então perguntaram:

- Mestre, deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso?
- Que se afogasse! Seria um a menos!
- Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara!
- Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha.
Não podemos e nem temos o direito de mudar o outro.
Apenas podemos melhorar nossas próprias reações e atitudes, pois é certo que cada um dá o que tem e o que pode.

Cada qual conforme sua natureza, e não
conforme a do outro.

QUEM MATOU O AMOR





Quem matou o Amor?

Houve uma vez, na história do mundo, um dia terrível, em que o Ódio - o rei dos maus sentimentos, dos defeitos e das más virtudes - convocou uma reunião com todos os seus súditos.

Todos os sentimentos escuros do mundo e os desejos mais perversos do coração humano chegaram a essa reunião com muita curiosidade, porque queriam saber qual o motivo de tanta urgência.

Quando todos já estavam presentes, falou o Ódio:
- Os reuni aqui porque desejo com todas as minhas forças matar alguém!

Ninguém estranhou muito, pois era o Ódio quem estava falando e ele sempre queria matar alguém, mas perguntaram-se quem seria tão difícil de matar que o Ódio necessitaria da ajuda de todos.
- Quero matar o Amor - disse o Ódio.
Muitos sorriram com maldade, pois mais de um ali tinha a mesma vontade.
O primeiro voluntário foi o Mau Caráter:
- Eu irei e podem ter certeza que em um ano o Amor terá morrido. Provocarei tal discórdia e raiva que ele não vai suportar.
Depois de um ano se reuniram outra vez e, ao escutar o relato de Mau Caráter, ficaram decepcionados:
- Eu sinto muito. Bem que tentei de tudo, mas cada vez que eu semeava discórdia, o Amor superava e seguia seu caminho.

Foi então que muito rapidamente ofereceu-se a Ambição para executar a tarefa. Fazendo alarde de seu poder, disse:
- Já que Mau Caráter fracassou, irei eu. Desviarei a atenção do Amor com o desejo por riqueza e pelo poder. Isso ele nunca irá ignorar.
E começou, então, a Ambição o ataque contra a sua vítima. Efetivamente, o Amor caiu ferido. Mas, depois de lutar arduamente, curou-se: renunciou a todo desejo exagerado de poder e triunfo.

Furioso com o novo fracasso, o Ódio enviou os Ciúmes. Estes bufões perversos inventaram todo tipo de artimanhas e situações para confundir o Amor. Machucaram-no com dúvidas e suspeitas infundadas.

Porém, mesmo confuso, o Amor chorou e pensou que não queria morrer. Com valentia e força se impôs sobre eles e os venceu. Ano após ano, o Ódio seguiu em sua luta, enviando a Frieza, o Egoísmo, a Indiferença, a Pobreza, a Enfermidade e muitos outros. Todos fracassavam sempre.

O Ódio, convencido de que o Amor era invencível, disse isso aos demais:
- Nada podemos fazer. O Amor suportou tudo. Levamos muitos anos insistindo e
não conseguimos.

De repente, de um cantinho do auditório, se levantou um sentimento pouco conhecido e que se vestia todo de preto. Com um chapéu gigante, ele mantinha o rosto encoberto. Seu aspecto era fúnebre como o da morte.

- Eu matarei o Amor, disse com segurança.
Todos se perguntavam quem seria esse pretensioso que, sozinho, pretendia fazer o que nenhum deles havia conseguido.
O Ódio ordenou:
- Vá e faça!
Havia passado pouco tempo quando o Ódio voltou a convocar a todos para comunicar que finalmente o Amor havia morrido. Todos estavam felizes mas também surpresos. E o sentimento do chapéu preto falou:

- Aqui eu entrego a vocês o Amor, totalmente morto e esquartejado.
E sem dizer mais palavra, encaminhou-se para a saída.
- Espera! - determinou o Ódio, dizendo: em tão pouco tempo você o eliminou
completamente, deixando-o desesperado e, por isso mesmo, ele não fez o menor
esforço para viver! Quem é você afinal?
O sentimento, pela primeira vez, levantou seu horrível rosto e disse:
- Sou a Rotina...

A ÁGIA E O PARDAL




A ÁGUIA E O PARDAL

O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia.
Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia, não cansava de seguí-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza.
Um dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande águia a sua frente.
Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta.
A águia em sua quietude apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:
- Por que estás a me vigiar, Andala?
- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.
- E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas?
- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho.
O pardal suspirou olhando para o chão e disse:
- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo o dia a observar-te.
- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? - indagou Yan.
- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas, mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas harmoniosamente.
- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita!
E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente:
- Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho. Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, serás LIVRE! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o equilíbrio com eles. Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e ser feliz com tua escolha.